Imagem 3 |
Percurso em Portugal:
a. Aeronáutica
Militar
O primeiro Douglas C-54
Skymaster militar português aterrou na Base Aérea N° 4 (BA4), Lajes, Açores, em
Março de 1947, proveniente dos Estados Unidos. Era da versão C-54E Skymaster,
tinha o número de construtor 27.351 e o número de matrícula 280 da AM. Apesar
de ser um avião de transporte logístico, foi colocado na recém formada
Esquadrilha de Busca e Salvamento, equipada com cinco Boeing SB-17G Flying Fortress.
Pouco depois chegaram mais dois Skymaster, estes C-54D, que receberam os
números 281 e 282. Tinham os números de construtor 10.612 e 10.582,
respectivamente. O 282 e toda a tripulação desapareceu no Atlântico no dia 31
de Janeiro de 1951.
Apresentavam ao longo da
fuselagem, enquadrando as janelas, uma faixa amarela debruada a negro, que
quebrava a monotonia de um avião sem qualquer pintura, totalmente em metal
polido. Por cima destas faixas encontrava-se pintado a preto “Transportes
Aéreos Militares”. Ostentavam a Cruz de Cristo, sobre círculo branco, em ambos os lados das asas e da fuselagem. O
rectângulo, com a bandeira nacional sem escudo, encontrava-se nos lados do
estabilizador vertical, excepto no 280, que usou, durante algum tempo, a
bandeira nacional com escudo, o que, na época, não se aplicava.
Julga-se que foram os
primeiros aviões da AM a apresentar o número de matrícula sobre o rectângulo
das cores nacionais.
Em 1951 foi-lhes atribuída a
nova numeração de quatro dígitos, ficando com as matrículas 6601 e 6602.
b. Força
Aérea
Em 1952, ano da formação da
Força Aérea Portuguesa (FAP) e da consequente extinção da Aeronáutica Militar e
da Aviação Naval, os dois C-54 Skymaster foram transferidos para a primeira
Esquadrilha de Transportes Aéreos Militares, mais tarde designada por 1°
Agrupamento de Transportes Aéreos Militares (TAM), instalado no Aeroporto de
Lisboa, com a numeração FAP 6601 e 6602. O acidentado 282 foi considerado no
registo da FAP com a matrícula 6603.
Foram pintados segundo o
esquema da FAP, em alumínio, com a metade superior da fuselagem e o
estabilizador vertical em branco, mantendo durante alguns anos a faixa amarela
debruada a preto ao longo da fila de janelas, bem como a legenda dos TAM. Mais
tarde foram uniformizados com o filete de separação em azul escuro, que ligava
o nariz do avião ao bordo de ataque dos estabilizadores horizontais.
Ostentavam a Cruz de Cristo,
sobre círculo branco, no extra-dorso da asa esquerda, no intradorso da asa
direita e nos lados da fuselagem. As cores nacionais, sem escudo, estavam
colocadas dentro de um rectângulo nos lados do estabilizador vertical. Os
números de matrícula encontravam-se pintados a preto em ambos os lados das asas,
alternando com a insígnia e também sobre os rectângulos com as cores nacionais
no estabilizador vertical.
Em 1953 chegaram mais cinco
C-54 Skymaster, provenientes da adaptação de DC-4 civis, que foram matriculados
de 6604 a 6608:
- O 6604, com o número de construtor 10.868 era um C-54D
adquirido à USAF, que por sua vez o adquirira a um operador civil;
- Os 6605
(número de construtor 3.069), 6606 (n/c 3.072) e 6607 (n/c 7.487) eram C-54A
provenientes dos Transportes Aéreos Portugueses (TAP), respectivamente
ex-CS-TSC, CS-TSA e CS-TSD;
- O 6608 (n/c 10.446) era um C-54B proveniente dos
Transportes Aéreos da Índia Portuguesa (TAIP), ex-CR-IAE.
Em 1 de Março de 1955 as
instalações militares do aeroporto de Lisboa passaram a denominar-se
Aeródromo-Base N° 1 (AB1), mantendo a Esquadra dos TAM, agora como Esquadra 81.
Também em 1955, a Esquadra de Busca e Salvamento (mais tarde designada por
Esquadra 41 – ver imagem 4) da Base Aérea Nº 4 (BA4), recebeu quatro Douglas SC-54D Skymaster
especificamente equipados para missões de busca e salvamento (missões SAR), com
grandes janelas em bolha transparente nos lados da fuselagem.
Foram integrados nos blocos de
matrícula referente a aviões de busca e salvamento, cabendo-lhes os números
7501 a 7504. Os números de construtor dos 7501 e 7502 são desconhecidos. O 7503
tinha o número de construtor (n/c) 22.155 e o 7504 o n/c 10.708.
Entre 1960 e 1961, a Base
Aérea N° 2 (BA2), Ota, contou no seu efectivo com um C-54 Skymaster, colocado na
Esquadra de Instrução Elementar de Pilotagem de Aviões Pesados (EICPAP – ver
imagem 5). Em 1961, a EICPAP e respectivos aviões foram transferidos para a BA4.
Em 1965 e 1966, os Estados
Unidos forneceram cinco Douglas HC-54D Skymaster, também preparados
especificamente para missões SAR, que tinham sido retirados de serviço da
esquadra americana de busca e salvamento instalada nos Açores. Foram igualmente
colocados na Esquadra 41 da BA4.
Receberam a numeração 7510 a 7514, saltando na sequência numérica, talvez por serem do modelo HC-54D. A correspondência entre as matrículas da FAP e os números de construtor, que se indicam entre parêntesis, era a seguinte: 7510 (10.626), 7511 (10.720), 7512 (10.564), 7513 (10.680) e 7514 (10.652). Só o 7510 e o 7512 se tornaram operacionais, devido ao mau estado dos restantes.
Receberam a numeração 7510 a 7514, saltando na sequência numérica, talvez por serem do modelo HC-54D. A correspondência entre as matrículas da FAP e os números de construtor, que se indicam entre parêntesis, era a seguinte: 7510 (10.626), 7511 (10.720), 7512 (10.564), 7513 (10.680) e 7514 (10.652). Só o 7510 e o 7512 se tornaram operacionais, devido ao mau estado dos restantes.
Todos os SC-54 e HC-54 estavam
pintados e ostentavam as insígnias e a numeração da FAP, sem a legenda dos TAM.
Foi acrescentada uma cinta amarela orlada a preto em torno da fuselagem, junto
à secção da cauda. Apresentavam o distintivo da BA4 (ver imagem 6) em ambos os
lados da fuselagem, na direcção do pára-brisas.
Do total de 17 Douglas C-54
Skymaster recebidos, só 14 se tornaram operacionais pelos motivos atrás
descritos.
Dos poucos acidentes que
tiveram destacam-se dois:
- No dia 22 de Novembro de
1962 o SC-54D número 7502 sofreu um grave acidente em S. Tomé, na descolagem,
do qual resultou a destruição do avião e a morte de 19 pessoas, entre
tripulantes e passageiros;
- No dia 22 de Janeiro de
1963, o C-54E número 6601, durante a aproximação nocturna à pista do Gando,
Grande Canária, embateu no mar, ficando a flutuar. O embate originou que parte
da carge fosse projectada para fora do avião, arrastando consigo três
tripulantes, que desapareceram. Os restantes tripulantes foram salvos por
embarcações espanholas. O avião afundou-se quando estava a ser rebocado para
terra.
Os C-54 Skymaster tiveram
papel preponderante nos primeiros anos da década de sessenta, sendo os únicos
aviões da FAP com capacidade para fazer a ligação aérea entre a metrópole e os
territórios ultramarinos.
O abate dos Skymaster foi
feito ao longo dos anos, uns por acidente, outros por desgaste, processo
encerrado em 1976.
O 6608 foi vendido para o
Zaire. O 6606 foi preservado e é propriedade do Museu do Ar.
Fontes (segunda parte):
Imagem 3: FAP / AHFA - Força Aérea Portuguesa / Arquivo
Histórico da Força Aérea;
Imagens 4 a 6: Colecção Altimagem;
Texto: "Aeronaves Militares Portuguesas no
Século XX" - Adelino Cardoso - Edição ESSENCIAL, Lisboa, 2000.
Sem comentários:
Enviar um comentário