Por ser um actual e interessante artigo, da autoria de Marco Capitão Ferreira, do "Económico", tomo a liberdade, com a devida vénia, de transcrever:
"É impossível ter
uma discussão séria sobre política orçamental e política económica (e não, não
são a mesma coisa mas relacionam-se intimamente) sem desempoeirar alguns
factos. E há três que hoje se devem destacar, porque estão na base da
necessidade de uma nova política orçamental. Vamos a elas:
1) Quem tem pago
os aumentos de impostos são as famílias, não as empresas.
No ano 2000, ao começar este século, a divisão da tributação directa entre as famílias (IRS) e as empresas (IRC) era de 6,7 mil milhões de euros para as primeiras e 4,5 mil milhões de euros para as segundas (dados Pordata).
Em 2014, depois
do brutal aumento de impostos sobre as famílias, promovido pelo anterior
governo a coberto da austeridade, essa relação é de 12,9 mil milhões de euros
para as primeiras e … 4,5 mil milhões para as segundas.
Dito de outra
forma, enquanto o esforço fiscal imposto às famílias duplicou em 15 anos, o
esforço fiscal pedido às empresas ficou no mesmo valor. Como o PIB, apesar de
tudo, aumentou qualquer coisa em 15 anos, o que isto nos diz é que o esforço
relativo das empresas diminuiu.
2) Problemas de
produtividade dos trabalhadores? A sério?
É um lugar comum
dizer que há um problema de produtividade na economia portuguesa. O que até
está certo, mas, de seguida, imputa-se a necessidade de melhor produtividade
exclusivamente aos trabalhadores. Ora, no mesmo período (2000-2015), a riqueza
criada na produção, em média, por cada trabalhador, aumentou de 23.000 euros
para 35.000 euros/ano. Um aumento de quase 50% em valor, ao longo de 15 anos
ou, se quisermos, mais de 3% ao ano.
Fonte:
Cortesia de Económico (Marco Capitão Ferreira)
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