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10 março 2013

Supermarine Spitfire (primeira parte)

Imagem 1: Supermarine Spitfire Mk IA

SUPERMARINE SPITFIRE Mk IA
SUPERMARINE SPIFIRE Mk Vb
SUPERMARINE SPIFIRE Mk VbLF

Quantidade: 112
Utilizadores: Aeronáutica Militar e Força Aérea
Entrada ao serviço: 1942
Data de abate: 1955

Dados técnicos:
a.   Tipo de Aeronave
      Avião monomotor terrestre, de trem de aterragem convencional retráctil, com roda de cauda, monoplano de asa baixa com revestimento metálico, monolugar de cabina coberta, concebido para missões de caça. Tripulação:  1 (piloto).
b.   Construtor
       Supermarine Division of Vickers-Armstrong / Grã-Bretanha.
       Outros:  Castle Bromwick / Grã-Bretanha;
                      Cunliffe Owen Aircraft / Grã-Bretanha;
                      Westland Aircraft Ltd. / Grã-Bretanha;
                       Packard / USA.
c.   Motopropulsor
      Motor: 
    Mk Ia: Rolls Royce Merlin III, de 12 cilindros em V arrefecidos por líquido, de 1.030 hp;
    Mk Vb: Rolls Royce Merlin 45, de 12 cilindros em V arrefecidos por líquido, de 1.440 hp;
    Mk VbLF: Rolls Royce Merlin 45-M, de 12 cilindros em V arrefecidos por líquido, de 1.585 hp.
                Hélice: de madeira, de três pás, de passo variável.
d.   Dimensões                           Mk Ia                     Mk Vb                     Mk VbLF
         Envergadura …………......11,22 m                    11,22 m                    9,80 m
          Comprimento…..……….….9,12 m                      9,20 m                   9,20 m
          Altura………….………….....2,69 m                      3,47 m                   3,47 m
          Área alar ……….…….......22,26 m²                   22,26 m²                  21,25 m²
e.   Pesos
          Peso vazio……………....…2.296 Kg                 2.296 Kg                2.296 Kg
          Peso máximo……………..2.812 Kg                  3.000 Kg                3.000 Kg
f.   Performances
          Velocidade máxima ……..…582 Km/h                602 Km/h                574 Km/h
          Velocidade de cruzeiro ……..............................desconhecidos
          Tecto de serviço ………...….9.720 m                11.280 m                11.280 m
          Raio de acção …………..........630 Km                   760 Km                  760 Km
g.   Armamento
      Mk Ia: 8 (4+4) metralhadoras Browning calibre 7,7 mm, instaladas no interior das asas;
      Mk Vb: 2 (1+1) canhões Hispano de 20 mm e 4 (2+2) metralhadoras Browning calibre 7,7 mm, instaladas no interior das asas;
     Mk VbLF: O mesmo do anterior, com capacidade para transportar bombas sob as asas.
h.   Capacidade de transporte
       Nenhuma




Imagem 2: Spitfire Mk IA
Resumo histórico:

             O Supermarine Spitfire tem a sua origem numa série de hidroaviões construídos pela Supermarine Aviation Works Ltd. / Supermarine Division of Vickers-Armstrong Ltd., criados por Reginaldo J. Mitchell durante a segunda metade dos anos vinte, que culminaram com o Supermarine S6B, vencedor da prova de velocidade denominada Schneider Trophy, em 13 de Setembro de 1931.
     Mitchell, que continuou a desenhar hidroaviões rápidos, associou-se ao engenheiro de motores Henry Royce, fazendo ambos uma brilhante carreira em conjunto. O Spitfire colheu os frutos desta associação quando Mitchell aplicou um motor Rolls-Royce PV-12, designado por Merlin, derivado do Rolls-Royce Type R que equipava os hidroaviões de competição.
     O projecto do Supermarine Spitfire foi iniciado em 1934. Depois de uma série de modificações, o protótipo foi concluído e realizou o primeiro voo em 5 de Março de 1936. Depois dos voos de teste, que terminaram em Junho de 1936, ultrapassou as expectativas dos próprios construtores, sendo na época considerado o avião militar mais rápido do mundo. Imediatamente foi feita uma encomenda oficial de 310 aviões. Tendo em vista a preparação para a guerra que se avizinhava, seguiram-se outras encomendas, que em Outubro de 1939 atingiram um volume de 4.000 unidades, o que tornou imperativo a elaboração de um plano de construção, envolvendo os principais construtores aeronáuticos britânicos.


            Em virtude dos constantes aperfeiçoamentos introduzidos ao longo de todo o tempo em que foi produzido, o Spitfire manteve sempre uma confortável margem de superioridade sobre os seus adversários. A produção do primeiro modelo de série foi iniciada em 1937, com o Supermarine Spitfire Mk I, que em Junho do ano seguinte começou a ser entregue ao Fighter Command da RAF
     Quando deflagrou a Segunda Guerra Mundial, a RAF dispunha de nove Esquadras de Spitfire. Quando se deram os confrontos da Batalha de Inglaterra, em meados de 1940, já existiam 19 Esquadras de Spitfire. Seria desnecessariamente longa a descrição dos 40 modelos e versões produzidos, pelo que serão referidos apenas os mais significativos.


Imagem 3: Spitfire Mk. IA - Cortesia de  http://digitalhangar.blogspot.pt 


            O Spitfire Mk I foi o modelo original, que entrou ao serviço da RAF em Junho de 1938. Era equipado com o motor Rolls-Royce  Merlin II, de 1.030 hp, hélice bipá de passo fixo e oito metralhadoras Browning de 7,7 mm instaladas no interior das asas.
     Mais tarde foi rebaptizado de Mk Ia, com motor Merlin III, também de 1.030 hp, mas mais económico, hélice De Havilland de três pás e passo variável e cobertura da cabina “bojuda”, o que lhe deu a imagem característica.
     A versão Mk Ib foi equipada com dois canhões Hispano de 20 mm e quatro metralhadoras Browning de 7,7 mm. Foram produzidas 1.566 unidades do modelo Mk I.


            O modelo Spitfire Mk II, construído pela Castle Bromwich, entrou ao serviço em 1940, com motor Merlin XII, de 1.175 hp e hélice Rotol de três pás. Produziram-se 750 aviões da versão Mk IIa, com oito metralhadoras de 7,7 mm, e 170 da versão Mk IIb, com dois canhões de 20 mm e quatro metralhadoras de 7,7 mm.

            O Supermarine Spitfire Mk III, mais alongado que os anteriores, não passou do modelo experimental.
            O Siptfire Mk IV, de 1940, do qual se construíram 229 unidades, foi concebido para reconhecimento fotográfico, desarmado.
            O  modelo Supermarine Spitfire Mk V, construído em 1941, dispunha de motor Merlin 45, de 1.440 hp, que possibilitou atingir a notável velocidade de 602 Km/h a 4.000 m de altitude.
            Os aviões da versão Spitfire Mk Va estavam armados com oito metralhadoras de 7,7 mm, os Spitfire Mk Vb com dois canhões de 20 mm e quatro metralhadoras de 7,7 mm, e os Spitfire Mk Vc com asas que permitiam a instalação de diversas composições de armas, incluindo o transporte de bombas sob as asas.

            Os Spitfire Mk Vc foram os primeiros a ser usados como caças-bombardeiros, bem como os primeiros a serem operados fora da Europa. Os que tinham as pontas das asas com o aspecto arredondado, como se fossem “cortadas”, o que lhes dava maior estabilidade aerodinâmica, melhorando a pontaria para alvos de superfície, receberam a designação de LF (Low Flight – Voo baixo). Construíram-se 94 na versão Mk Va, 3.923 na versão Mk Vb e 2.447 na versão Mk Vc.

            O modelo Mk VI, com motor sobre-alimentado Merlin 47, de 1.415 hp e cabina pressurizada, foi o modelo provisório para intercepções a grande altitude. Dispunha de dois canhões de 20 mm e quatro metralhadoras de 7,7 mm e foram construídas 100 unidades.

            O Spitfire Mk VII, com novo motor sobre-alimentado Merlin 61, de 1.660 hp, de cabina pressurizada, roda de cauda retráctil e leme de direcção de maiores dimensões, foi concebido para missões de intercepção a alta altitude. Foram produzidas 140 unidades.

            Os Spitfire Mk VIII eram variantes do Mk VII, sem cabina pressurizada, dos quais foram produzidos 1.658 unidades.

            Os Spitfire Mk IX, operacional desde Julho de 1949, era um derivado do Mk V, equipado com motor Merlin 61, de 1.660 hp, construído como recurso para rápidamente suplantar a última versão do caça alemão Focke Wulf Fw 190, tendo sido produzido em versões para actuar em alta altitude (HF), média altitude (F) e baixa altitude (LF). Estava armado com dois canhões de 20 mm e duas metralhadoras de 12,7 mm. Construíram-se, nas diferentes versões, um total de 5.665 aviões Supermarine Spitfire Mk IX.

            O modelo Spitfire Mk X estava equipado com motor Merlin 77, possuía cabina pressurizada e destinava-se a reconhecimento fotográfico a grande altitude. A autonomia foi aumentada, instalando depósitos de combustível ao longo do bordo de ataque das asas. Construíram-se 16 exemplares.

            O Spitfire Mk XI correspondia à versão Mk X sem pressurização, usando motores Merlin 63A de 1.760 hp, ou Merlin 70, de 1.655 hp. Produziram-se 471 aviões deste modelo, que foi o esteio do reconhecimento aéreo da RAF entre 1943 e 1945.

            Os Spitfire Mk XII começaram a operar em 1943. Foram os primeiros a utilizar o excepcional motor Rolls-Royce Griffon III ou IV, de 1.735 hp. Preparados para operar a baixa altitude, foram concebidos para combater a última versão do Fw 190. Foram construídas 100 unidades.

            O Spitfire Mk XIII, com motor Merlin 32, de 1.620 hp, foi concebido para missões de reconhecimento a baixa altitude. Estava armado com quatro canhões de 20 mm e foram construídas 16 unidades.

            O modelo Spitfire Mk XIV, com motor Rolls-Royce Griffon 65, com compressor de dois andares, debitando 2.050 hp e equipado com hélice de cinco pás, foi o primeiro de uma nova concepção de caças que não só superou todos os caças inimigos, como também se revelou um excelente destruidor das bombas-voadoras V-1 e V-2. Entrou em acção em 1944 e abateu mais de 300 V-1 e V-2. Foi o primeiro com a cobertura de cabina em bolha. Produziram-se 957 unidades.
            Os Mk XV estavam equipados com motor Griffon VI, de 1.850 hp e hélice de quatro pás. Eram uma mistura de Spitfire Mk XII e da versão naval Seafire III. Construíram-se 390 aviões desta versão.
            O modelo Mk XVI era igual ao Mk IX, mas com motor Packard-Merlin 266, de 1.705 hp, de construção americana. A sua produção totalizou 1.054 unidades.
            O Spitfire Mk XVIII foi o modelo definitivo da Guerra. Derivado do Mk XIV, era mais robusto e com maior autonomia graças aos tanques instalados sob as asas. Alguns foram preparados para operar em clima tropical. Foram produzidas 300 unidades deste modelo.

            O Spitfire F.21 foi o primeiro modelo do pós-guerra. Projectado com estrutura e formato diferentes, utilizava motores Griffon 65 ou 85, de 2.050 hp, dispondo de quatro canhões de 20 mm e transportando 454 Kg de bombas. Apresentava-se com a cobertura da cabina bojuda. Produziram-se 122 exemplares.
            O Spitfire F.22 foi o primeiro a usar o motor Griffon de 2.375 hp. Tinha a cobertura da cabina em bolha. Construíram-se 278 unidades.
            O F.24 foi o último modelo do Spitfire. Apresentava a cauda com novo desenho e a cobertura da cabina em bolha. Dispunha de dois canhões de 20 mm de cano curto e lançador de foguetes. Foi um F.24 que efectuou a última missão de um Spitfire da RAF na Malásia, no dia 1 de Abril de 1954, 18 anos e um mês depois do voo do primeiro protótipo.

            Construíram-se 20.351 Spitfire, cerca de 40 modelos diferentes, um número que excede a produção de qualquer outro avião britânico.
            O Spitfire naval, “baptizado” de Seafire, preparado para ser utilizado em porta-aviões, com estrutura reforçada, gancho de aterragem, asas dobráveis e demais equipamentos e ajustamentos adequados, teve a mesma evolução do seu “irmão terrestre”, ainda que só tenham sido construídas oito versões básicas, evidentemente as que deram melhor rendimento nos modelos terrestres.


Imagem 4: Sipfire Mk. Vb - Cortesia de  http://digitalhangar.blogspot.pt

            O último modelo do Seafire foi o F.47, a versão naval do Spitfire F.24. Construído no pós-guerra, entrou em operações na Malásia e na Coreia. Os Seafire foram retirados do serviço em 1952, tendo sido produzidos um total de 2.556 aviões, grande parte deles saídos das  linhas de montagem da Westland e da Cunliffe Owen Aircraft.

            Os Spitfire foram usados pela África do Sul, Austrália, canadá, Egipto, EstadosUnidos (USAAF), França, Grã-Bretanha (RAF e RN), Holanda, Itália, Jugoslávia, Noruega, Polónia, Portugal, Turquia e União Soviética. Foi o mais famoso avião de caça britânico da Segunda Guerra Mundial, tendo sido construído ao longo de todo o conflito.

            A mística do Supermarine Spitfire mantém-se até aos dias de hoje. Não há festival aéreo na Grã-Bretanha onde não apareçam uns tantos “Spit” em voo, alguns deles reconstruídos por amadores.

(continua)



Fontes (primeira parte):
Imagem 1: FAP / AHFA - Força Aérea Portuguesa / Arquivo Histórico da Força Aérea;
Imagem 2: Cortesia de  Richard Ferriere - 3 Vues;
Imagens 3 e 4: Cortesia de  Paulo Alegria - Blog Digital Hangar;
Texto: "Aeronaves Militares Portuguesas no Século XX" - Adelino Cardoso - Edição ESSENCIAL, Lisboa, 2000.

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